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TED Talks: O guia oficial do TED para falar em público

Dica de leitura: "TED Talks - o guia oficial do TED para falar em público"

Renato Ruas Pinto, M.Sc.

Colocando as leituras em dia, acabei de terminar o ótimo “TED Talks: O guia oficial do TED para falar em público” de Chris Anderson, o presidente do TED, e que conta com algumas colaborações ao longo do livro.

Confesso que não foi uma leitura que empolgou de cara. Achei o começo e o final bem lentos e de conteúdo fraco e quase abandonei. Felizmente insisti e fui positivamente surpreendido. Ao final, penso que é um livro bastante abrangente e uma ótima recomendação para quem começa a se aventurar no mundo de palestras e apresentações e quer subir o nível do jogo. Os palestrantes experientes também não devem se decepcionar, pois irão encontrar sugestões interessantes ao longo do livro.

Precisa falar sobre o TED Talks?

O TED Talks se transformou na referência de palestras de qualidade e seus vídeos contam com milhões de visualizações e compartilhamentos. Assim, toda essa mística em torno do evento cria algumas expectativas sobre a qualidade das palestras (e do livro também, diga-se de passagem). Para o palestrante inexperiente, fazer uma apresentação do nível do TED pode parecer um sonho distante, mas é justamente esse um dos pontos legais do livro, que tenta desmistificar um pouco as palestras. Afinal, o que vemos no YouTube (nem todo mundo tem a possibilidade de assistir ao vivo um TED ou as versões locais como o TEDx) é uma palestra não só ensaiada à exaustão e com suporte das equipes do TED, mas também editada. A edição de vídeo opera milagres ao cortar pausas de nervosismo, repetições de palavra indevidas ou vícios como o “ehh” e “ahnn”. Assim, não se impressione tanto com o que você vê.

Pontos fortes do livro

Um dos méritos do livro é justamente mostrar uma visão mais humana do evento e de qualquer apresentação. Estamos todos sujeitos a momentos de nervosismo antes da palestra e cada um de nós tem o seu próprio estilo. E o autor se sai muito bem em mostrar como usar tudo isso a nosso favor. Aqui vale destacar algumas das que considero as principais mensagens do livro:

Autenticidade: o autor cita todo o tempo grandes palestrantes e apresentações memoráveis como referência de alguns recursos utilizados, mas faz questão de deixar claro que cada um precisa buscar a própria voz e estilo. Em hipótese alguma deve-se buscar tentar emular o estilo de terceiros, pois provavelmente parecerá um remendo mal feito.

Nervosismo: o “frio na barriga” acontece até mesmo com oradores mais experientes. Cada um lida com a ansiedade de forma diferente, de modo que você precisa entender como seu corpo reage e encontrar formas para controlar. O autor cita palestrantes que usam dos mais diversos recursos, desde a meditação ou um cochilo, até uma atividade física leve antes da apresentação como uma caminhada. Um dica importante é se hidratar já que a adrenalina pode fazer a boca secar, o que atrapalha e muito na hora de falar. Outro caminho para se manter calmo é ter domínio sobre o conteúdo e o tempo disponível, o que só se consegue com bastante ensaio.

Doar ideias e não se promover: independente de ser um evento TED ou uma palestra em sua universidade, o apresentador precisa se preocupar em entregar um conteúdo útil e que realmente traga conhecimento para a plateia ao invés de usar o espaço para se promover. É o que o autor chama de “doar ideias” para enriquecer a plateia. Se a palestra vira um momento de autoelogio e promoção, tenha certeza de que a plateia irá se ocupar com coisas mais importantes, como checar as mensagens no telefone e redes sociais.

O livro trabalha vários outros pontos importantes e que merecem destaque, como a preparação, escolha do tema e estruturação do conteúdo. Outro trecho de destaque é a longa discussão que ele apresenta sobre decorar ou não a palestra. Ele apresenta as vantagens e armadilhas dos dois modelos de apresentação: aquela decorada tal como um roteiro de teatro ou uma espontânea, na qual o apresentador tem os tópicos para falar, mas não se preocupa em ter um texto rígido. Mesmo no segundo tipo, o autor destaca que é importante ter um roteiro bem definido e que a improvisação total pode ser receita do fracasso.

Conclusão

Um capítulo curioso, mas que pode ser bastante útil, é o que trata sobre vestimenta e apresentação pessoal. Nesse capítulo ele abre para uma especialista comentar e as dicas são excelentes, afinal a vestimenta compõem o estilo do palestrante. Há ainda uma parte sobre o visual da apresentação e slides com algumas dicas, mas bastante superficial. Definitivamente, não é o foco do livro. Puxando a sardinha para a minha brasa, o autor recomenda buscar ajuda profissional para fazer slides que realmente impressionam. Finalmente, o autor trata também de apresentações não convencionais, que se utilizam de recursos criativos como coreografias e outros para se diferenciar. O autor as classifica como um artifício válido para capturar a atenção, mas que demanda muito cuidado. Ou você sabe muito bem o que está fazendo ou o resultado pode ser terrível.

Enfim, apesar da dificuldade que tive no começo da leitura, que não me empolgou de cara, o resultado final foi muito bom. É uma leitura que recomendo muito para quem quer subir de nível na apresentação. Vale a leitura e vale também assistir às várias apresentações citadas ao longo do livro para buscar inspiração e novos recursos. Ao final, é preciso seguir o conselho do autor e buscar ser você mesmo e encontrar seu estilo.



Renato Ruas Pinto é engenheiro aeronáutico, graduado pela UFMG, com mestrado no ITA e MBA pela FAAP e atua há mais de 20 anos em gestão de projetos, desenvolvimento de produtos e marketing. É autor do livro “Slide Show” onde ensina as técnicas para criar apresentações surpreendentes e com qualidade profissional.