Rectaprese - Apresentações Profissionais

Como aprendemos e a nossa apresentação

A apresentação é como uma aula

Renato Ruas Pinto, M.Sc.

Como aprendemos e a nossa apresentação

Resumo:

  • Aprendemos por três vias: a visual, a auditiva e a cinestésica (contato e movimento).
  • Cada pessoa tem uma via preferencial, que irá funcionar melhor.
  • Ao preparar uma apresentação, precisamos pensar nos três grupos.

A forma como aprendemos e a nossa apresentação estão intimamente relacionadas. Ou deveriam estar. A apresentação é como uma aula: você tem um conteúdo para passar, uma mensagem para comunicar e o que você quer, no final, é que a plateia entenda sua mensagem e fique com ela fixada na memória. Se você está vendendo um produto, por exemplo, você quer que o cliente entenda que o seu produto o atende e que resolverá um problema para a empresa dele. E você quer também que eles guardem a mensagem na memória, afinal, na maioria das vezes a decisão não é tomada naquele momento. E isso vale para outras situações como uma reunião de equipes de um projeto. As pessoas ali envolvidas sairão da reunião para, em seguida, tomar outras ações, conduzir estudos ou o que você demandou em sua apresentação.

Então, é de suma importância que seu conteúdo seja não só absorvido, mas fixado e lembrado após a sua apresentação. Igual ao conteúdo de uma aula, que precisa ser entendido não só no momento da transmissão, mas ser lembrado lá na frente na hora de estudar ou na hora da prova. Dito isto, então, como fazer para melhorar o aprendizado da audiência de nossa apresentação? O tema, felizmente, já é algo estudado por quem se dedica a compreender os nossos processos de aprendizagem. Então, não precisamos reinventar a roda.

Como nós aprendemos

Nós aprendemos por três vias ou canais: a primeira via é a auditiva. A gente absorve a informação que nos está sendo passada de forma oral e por sons, como o discurso do apresentador ou a narração de um vídeo. A segunda é a via visual. Você consome o conteúdo vindo dos estímulos visuais. Por exemplo, a informação que está sendo mostrada no slide ou uma ilustração de um livro. panfleto ou coisa do tipo. A terceira via é a cinestésica, que é a via do contato e da interação motora. É quando você tem, por exemplo, a oportunidade de manusear um protótipo ou participar de uma atividade que envolva a construção de algo.

Nós absorvemos o conteúdo pelas três dias, mas, normalmente, cada pessoa tem uma via preferencial. Isto é, a absorção por aquela via será mais eficiente. Eu, por exemplo, sou uma pessoal visual. Sem o suporte visual fica mais difícil para eu absorver o conteúdo. Este suporte pode ser um slide, um livro ou algum tipo de ilustração. E quando não há algo visual, como em um livro só com texto, eu mesmo costumo deixar ao lado papel e lápis para tentar esboçar aquilo que estou estudando para que a imagem se forme melhor na minha cabeça e, assim, melhorar meu aprendizado.

A má notícia

Agora trago duas más notícias. A primeira é que nós não temos como saber de antemão se nossa plateia é visual, auditiva ou cinestésica. Só conseguimos descobrir isso com a convivência. Após fazer várias apresentações para o seu gestor ou o pessoal da sua equipe, você começa a perceber o que funciona melhor para cada um. A segunda má notícia é que, na população, não há um desses modos que seja predominante. Se um dos modos fosse o preferencial para uma parcela maior das pessoas, poderíamos apostar na estatística e privilegiá-lo, mas não é o caso. Em outras palavras, as pessoas estão distribuídas de forma mais ou menos igual entre os três grupos. Desta forma, para atingir os três, não há outro caminho senão balancear sua apresentação pensando em todos.

Primeiro, você precisa ter um discurso consistente, afiado e bem treinado para atingir as pessoas que são auditivas. Em seguida, fazer o melhor uso possível de recursos visuais como slides, flip-charts ou panfletos para facilitar para as pessoas que são visuais. Finalmente, para os cinestésicos é sempre um pouco mais complicado, mas você pode tentar buscar caminhos para permitir uma interação motora. Você pode, por exemplo, disponibilizar protótipos para serem manuseados ou promover atividades que envolvam movimentação pela sala. Ou ainda distribuir material impresso para que as pessoas possam tocar e ter alguma interação física.

Conclusão

Resumindo, nós temos três estilos de aprendizado – visual, auditivo e cinestésico – e, para cada pessoa um estilo será predominante. Como, na maioria das vezes, não sabemos para quem vamos apresentar, precisamos pensar nos três grupos. Desta forma, um slide bem preparado já é uma ajuda para quem é visual. Um discurso firme, por sua vez, facilita o caminho para os auditivos. Os cinestésicos são sempre os mais complicados para se lidar, especialmente em um formato muito convencional de apresentação, onde um apresentador fala e não há muita interação com a audiência. Porém, não desanime e use a criatividade para envolvê-los.



Renato Ruas Pinto é engenheiro aeronáutico, graduado pela UFMG, com mestrado no ITA e MBA pela FAAP e atua há mais de 20 anos em gestão de projetos, desenvolvimento de produtos e marketing. É autor do livro “Slide Show” onde ensina as técnicas para criar apresentações surpreendentes e com qualidade profissional.